domingo, 29 de janeiro de 2012

Peri(pheral)scope - Sydney

Falei de Melbourne no outro post, mas Sydney nao fica muito para tras em seu esforco para fazer as pessoas participarem da cidade, a prefeitura da cidade tem um programa para utilizar becos da cidade como espaco para instalacoes de arte.
 Encontrei esse sem querer andando pela cidade e achei bem legal, os artistas montaram uma serie de periscopios como se voce pudesse olhar o que esta atras dos predios, mas dentro do visor estao telas que mostram imagens de cameras espalhadas ao redor do mundo, lugares inusitados por onde passam pessoas que siquer imaginam que estao sendo filmadas






Mais informacoes aqui






terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Niemeyer passou por aqui?


Mas peraí! O que é isso!?
Quem disse que a arquitetura brasileira não influencia a australiana?
Achei isso no caminho da cidade pro aeroporto de Melbourne!
(To falando do "puxadinho" da cobertura, não ao "Cingapura" abaixo dele!)

Melbourne

Fiquei bastante tempo sem escrever por vários motivos, meus pais vieram passar algumas semanas por aqui pela primeira vez, o projeto em que eu estou trabalhando teve a entrega de uma etapa em seguida e logo depois saí de férias!
Esse post é uma espécie de homenagem a Melbourne, uma cidade que adoro e só não mudaria hoje para lá por causa do frio... não que o inverno em Sydney seja dos menos severos, mas morar na praia e poder aproveitar isso todos os dias ainda tem sido maravilhoso.
A praça acima é a Federation Square, ponto de encontro principalmente de quem visita a cidade, mas também local onde as pessoas se reúnem para eventos diversos, como assistir num telão a algum evento esportivo ou instalações culturais e artísticas, como a que coloquei nesse post. A praça em si é um calçadão seco de frente para uma estação de trem e de tram e "de costas" para o rio Yarra, é um lugar estratégico por onde todos passam, uma série de edifícios complementam a praça, como a sede da SBS (uma espécie de TV Cultura australiana), um museu de arte, um centro de imagem e som, um pequeno auditório para música e muitos restaurantes, lanchonetes, bares e lojas.

Vista da Fed Square em direção à cidade
Vista em direção ao rio Yarra
Intervenção artística na calçada da praça. essa escultura simboliza bem o que é Melbourne, uma cidade em que há liberdade para as pessoas se expressarem nas ruas, o grafite (e outras formas de"street art") é de alguma forma aceito ou tolerado e acabou virando uma característica da cidade, há uma certa descontração nas ruas, e na minha opinião isso tem bastante a ver com a própria liberdade que os arquitetos conquistaram aqui. Há muita experimentação em formas e materiais, algumas coisas bem datadas e de gosto duvidoso, mas na minha opinião algo que faz parte do processo de criação da identidade da cidade.
O revestimento em chapas metálicas acima é a vedação da sala de máquinas do edifício, as dobras permitem aberturas para ventilação, criando um mosaico bem interessante.
O detalhe acima é o novo edifício de uma faculdade, bastante sofisticado e com uma fachada toda protegida por brises em vidro opaco (será motivo de um post provavelmente), mas o que eu acho legal nessa foto é que apesar disso o edifício foi construído recuado e mantendo o muro original da antiga construção que foi tombado. Alguém vai dizer que o muro nem deve ser tão antigo assim, mas faz parte da história da cidade, ele pode ter 50 anos hoje, mas se demolido nunca completará 100 anos e ganhará a importância devida.
Por toda cidade você encontra grafite, um complementa o outro e de tempo em tempo as paredes são pintadas criando espaço pra novas idéias.
Detalhe de um mosaico de pastilhas na entrada de um edifício de apartamentos, não é legal morar numa cidade com senso de humor?
Esse é uma lojinha (quiosque?) ao longo de um porto que foi reformado e ganhou novos usos residenciais e comerciais. Comentei rapidamente sobre a região do South Bank nesse post. Cada uma das lojas é projeto de um arquiteto diferente e portanto, completamente diferente.
Outro painel em chapas cortadas/dobradas que formam um mosaico bem legal.
Esse edifício tem uma série de estratégias para reduzir o consumo de energia, brises móveis, turbinas de ar, materiais reutilizados... mas o que achei mais interessante é esse sistema de coleta de água de chuva abaixo


Cada beco é uma oportunidade para expressão artística
Alguns acabaram de ser pintados e estão prontos pra receber novos grafites
Edifício antigo e bem preservado, está sem uso hoje, mas aguarda um novo proprietário para ser restaurado, qual o valor de um prédio desse?
Detalhe de uma fachada "hi-tech" de um novo edifício em construção
Esse é o "anexo" de um edifício antigo em que a fachada principal foi preservada e a nova construção forma quase que uma moldura, da pra ver que a fachada de vidro não encosta na fachada antiga.
No fundo à esquerda a cobertura da nova loja da Myer que foi reformada, é um projeto que foi bastante falado por aqui e provavelmente será motivo de um post em breve.
Como comentei lá em cima, as experimentações nem sempre dão certo, como essa coluna "franklloydiana" na entrada de uma galeria, muuuito estranho...
Essa é a fachada do Royal Melbourne Institute of Technology... os anos 80 devem ter sido dureza por aqui!
Tanta "liberdade estilística" até espanta um pouco, principalmente se você apenas observa as fotos, mas andando na cidade a perspectiva é outra, em cada esquina há uma surpresa, algo a ser observado, tons de cores diferentes, eu sinceramente não gosto da fachada acima, até porque para mim na arquitetura contemporânea o desafio é forma seguir função que segue performance e conseguir extrair disso algo interessante, só que acho extremamente provocativa uma fachada como essa, de alguma forma faz sentido dentro do contexto da cidade em que foi construída.
  E acho que essas experimentações podem conseguir resultados até que bem interessantes, o prédio acima é a galeria de arte do RMIT, a alguns metros de distância daquela foto um pouco mais acima.
Dei uma volta pela arquitetura de Melbourne, faltou falar do urbanismo, que é o que faz a cidade bastante especial, o centro da cidade é permeado por vielas estreitas que conectam ruas importantes e cortam caminhos, obviamente isso atraiu muitos comerciantes e as ruas estreitas estão cheias de cafés, bares e restaurantes. Isso se tornou tão fundamental na vida de quem mora ou visita a cidade que os edifícios hoje copiam a mesma estratégia com galerias e passagens estreitas conectando ruas através deles. De alguma forma bastante parecido com as galerias do centro de São Paulo, impossível comparar o tamanho do centro das duas cidades, mas como o Jan Gehls (que não por acaso há anos presta consultoria de urbanismo para Melbourne e há alguns menos para Sydney) afirma a cidade deve ser usada pelas pessoas e o espaço público se desenvolve naturalmente quando é utilizado pelas pessoas, isso indiretamente torna a cidade mais segura. É o uso da cidade pelos seus moradores e visitantes que faz Melbourne uma cidade tão vibrante tão especial.