sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Residência em Phillip Island

A residência projetada por Barry Marshall do escritório Denton Corker Marshall para sua família em 1997 na verdade não lembra nada uma casa, mas sim, conforme o discurso do arquiteto, "um abrigo anti-aéreo". É também uma das edificações que mais se mistura com a paisagem de que tenho conhecimento, dificilmente ela pode ser identificada a não ser pela sua fachada principal ou pelo alto, e curiosamente construída bem antes do atual modismo de coberturas verde.

A planta da casa é uma tira voltada para o patio central, que entre os morros está protegido do vento (no litoral da Austrália em geral venta demais, principalmente no sul, onde o clima é frio e o vento mais ainda!), mas o que eu acho interessante é que a casa tem tanto a privacidade do patio como as vistas privilegiadas para a paisagem natural da ilha.

Esse quarto me lembra bastante o brutalismo paulista dos anos 60, mas a planta e a relação do concreto com a paisagem natural, sem projetos de paisagismo prepotentes com coqueiros e afins, me lembra mais alguma dessas casas de praia construídas no Guarujá ou litoral norte de São Paulo nos anos 70, basta trocar o piso de granito por uma cerâmica vermelha (não seria uma má ideia nesse caso) e móveis em alvenaria (esse detalhe eu dispensaria).

sábado, 24 de setembro de 2011

Painéis ripados de madeira

Esse é um detalhe bem legal que usamos num projeto, é um sistema para fixar ripas de madeira com uma espécie de "clip".

Por trás das ripas tem um quadro em estrutura metálica com perfis de fixação a uma determinada distância, dependendo do tamanho das peças de madeira. Monta-se essa estrutura e depois é só encaixar as ripas! Sem parafuso, prego ou cola.

É um detalhe muito rápido, limpo e bem acabado. Quem faz isso aqui na Austrália é a Woodform.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

5-9 Roslyn St. - Sydney

O edifício na rua Roslyn em Sydney foi construído num terreno estreito com área 197m², de esquina de frente  para um pequeno espaço público. Apesar da pouca área disponível o implantação e o entorno privilegia a perspectiva do edifício, dá a impressão dele ser maior do que realmente é.
O projeto é do escritório Durbach Bloch Jaggers e eles comentam no site deles que a escolha do material e a forma são uma referência ao bairro (Potts Point), à sua personalidade, não arquitetura, a forma justamente faz um contraponto aos edifícios mais tradicionais/históricos do bairro, as janelas em tamanhos variados e ligeiramente fora de alinhamento, último andar curvo com as aberturas iguais ás janelas e os detalhes construtivos refletem mais a diversidade e a criatividade de quem frequenta a região.


Gostei muito do detalhe da cornija em curva, fazendo a separação entre o revestimento cerâmico e a parede de concreto no térreo, não sei se dá para perceber bem na foto, mas tem um perfil metálico na ponta.
O edifício de quatro andares é basicamente comercial, com um bar/restaurante no térreo e espaços comerciais, inclusive o escritório de arquitetura, nos demais andares. A área total construída é de 620m².




Ok, a primeira impressão é "o cara copiou o Gaudí!" Pela forma orgânica, mas principalmente pelo revestimento de mosaico cerâmico (são três bem claros que criam uma textura muito bonita conforme a luz do sol ilumina a fachada), quem sabe se outros arquitetos ao longo do tempo tivessem se deixado influenciar por formas mais orgânicas e texturas como as de Gaudí e Hundertwasser nossas cidades um pouco mais descontraídas e a referência deixaria de ser tão óbvia.
  
 Terraço na cobertura






terça-feira, 6 de setembro de 2011

Estação do Parque Olímpico - Sydney

A estação de trem foi projetada pela Hassell em 1998 para os Jogos Olímpicos de Sydney em 2000 e estima-se que 80% das pessoas que estiveram nos jogos passaram pela estação. Hoje o Parque Olímpico recebe eventos esportivos, mas principalmente shows e eventos em paralelo semanalmente, a estação tem capacidade de circulação para 50.000 pessoas e em funcionamento permite deslocar 1.600 pessoas a cada 2 minutos.
A área de embarque fica abaixo do nível da rua ao longo de um recorte retangular no terreno. Quem entra na estação tem contato visual com os trens no nível abaixo e escolhe naturalmente o acesso nas áreas onde há menos gente.
O edifício em si é uma cobertura com estrutura metálica em arco modular elevada do chão que como se fosse uma varanda serve de proteção ao sol e a chuva. Por não possuir vedações laterais permite o máximo de ventilação e iluminação natural.

A cobertura em telha de aço é detalhada de forma a utilizar o mínimo de material e o resultado é uma estrutura extremamente fina e seu revestimento interno dá ainda a impressão de ser uma cobertura tensionada muito leve. À noite a iluminação indireta destaca sua forma curva e é como se o forro todo acendesse.
São 7.000m² de área construída que segundo os arquitetos seguem a tradição das estações de trem britânicas de aço e vidro do século XIX e ainda assim com características australianas por sua abertura, claridade e responsabilidade com relação ao clima.