quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Residência em Narrabeen - Sydney

Faz tempo que não coloco uma casa no blog. Essa casa de dois pavimentos e 300m³ em North Narabeen foi projetada em 2009 e é bem interessante, a começar pela sua entrada, através de um longo corredor pela lateral da casa que dá acesso a um pátio central que organiza os ambientes e é o principal contato com o exterior no térreo. A intenção dos arquitetos Choi e Ropiha (na época do projeto eram os dois, agora eles tem mais um sócio, Fighera) foi retirar a porta de entrada da fachada da casa e criar uma espécie de antecâmara com o longo corredor diminuindo o contato do interior da residência com a rua, para dar uma sensação mais tranquila e sub-urbana a uma casa da cidade.
Porta de entrada
 Vista do escritório com o lago ao fundo
A casa foi construída numa área várzea e dá fundos para um lago, por esse motivo ela está bastante elevada em relação ao nível do solo, mesmo próxima ao lago a intenção é que o pátio seja a atração e o elemento principal de convívio no térreo, as vistas para toda a paisagem é mais privilegiada do andar superior. 
Planta Pav. Térreo

Planta Pav. Superior
O pavimento superior é recuado e não pode ser visto da rua, dando a impressão de uma casa térrea e dando a ele mais privacidade, além da vista mais privilegiada e mais silenciosa.


A opção por linhas retas, uso de madeira em tons claros no interior e pouca variação nos materiais e tons de cores foi intenção dos arquitetos para criar uma atmosfera calma e tranquila.
Em 2010 o projeto recebeu o prêmio da Timber Design Award na Austrãlia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Baroque Bistro - Sydney

Eu passo sempre na frente desse bistrô e reparava nessa cobertura, deve ser porque sou arquiteto, na verdade as pessoas não parecem dar muita atenção a ela. Ponto pra arquitetura na velha discussão de intervenções modernas em edifícios antigos.
O edifício histórico no The Rocks (já comentei um pouco sobre o bairro nesse post) que foi restaurado fica bem na esquina de uma bifurcação formando uma pequena praça, essa cobertura foi construída para servir de marquise de entrada para o bistrô e abrigo para mesas do lado de fora.
Na verdade eu não consegui descobrir quem fez o projeto da cobertura, a melhor pista que encontrei foi quem fez o projeto de interiores, que é bem legal e segue a mesma linha contrastando novo/antigo deixando o revestimento original e a estrutura aparente. No website do DJE não tem muita explicação sobre o projeto, mas imagino que tenham sido eles que fizeram a área externa também.




Imagino que qualquer tentativa de fazer algo mais "sóbrio" ou tradicional não teria o mesmo efeito e a arquitetura tem que refletir o tempo em que vivemos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

American Express & KPMG - Sydney

Na mesma rua do Macquarie Bank ficam outros dois prédios interessantes, o KPMF e o American Express, os dois foram projetados por uma joint venture entre os escritórios COX e Crone Partners.
O KPMF possui 16 andares e 34.000m² construídos. O que acho bem interessante nesse edifício é ter brises protegendo sua fachada de vidro, e mais, brises diferentes em cada fachada!
Em geral todo projeto novo é "5 estrelas" em algum certificado de sustentabilidade e totalmente revestido em vidro, sempre com a história que o vidro é temperado, duplo, com camada de gás etc, etc... Não adianta insistir, persianas e cortinas resolvem o ofuscamento, mas só sombreando o vidro você consegue controlar o ganho térmico e ainda garantir luz natural indireta, só é desejável receber carga térmica diretamente na fachada se o seu revestimento foi projetado para usar esse calor através de inércia térmica, em geral não é o caso.


 Não tem como não perceber que áreas novas e apenas ocupadas por edifícios de escritórios ficam desertas nos fins de semana, eu particularmente acho mais vantajoso para o planejamento de um bairro prever outros usos como hotéis ou apartamentos, todos os restaurantes dessa área estavam fechados ou vazios, e outras áreas da cidade (mais turísticas) com fila nas portas.
 Por outro lado, acho impecável a execução desses edifícios, dá pra perceber como os detalhes são bem trabalhados e, independente do gosto, expressam a intenção do arquiteto.

O American Express é um edifício de 10 andares e 15.000m² construídos.
Por ser mais baixo e estar a sul do KPMG e a Leste do Macquarie Bank, os arquiteto tiraram proveito do sombreamento desses prédios e projetaram brises (ajustáveis) apenas nas partes mais altas a oeste e norte. Um detalhe curioso são as lâminas verticais da fachada leste, a grande fachada de vidro está voltada diretamente para um dos viadutos mais movimentados da cidade e essas laminas foram projetadas para evitar o reflexo da luz do sol na fachada e o consequente ofuscamento que poderia gerar aos motoristas.

Marquise da entrada
 KPMG ao fundo e o detalhe dos brises a partir da altura em que o Macquarie Bank não faz sombra. É legal reparar no alinhamentos dos edifício e os pilotis, a calçada é protegida pelo edifício, mas o pé direito alto favorece a escala do pedestre, se tivesse metade dessa altura a perspectiva seria completamente outra.
 Gosto bastante da cor laranja e o contraste com o vidro escuro, mas achei esse painel do KPMG bem na frente ficou um pouco estranho, os dois edifícios foram projetados pelos mesmos escritórios e em épocas próximas, imagino que poderiam ter trabalhado melhor essa praça como um elemento comum de transição entre os dois prédios.
Como não poderia deixar de ser, uma casa original da região foi preservada como marco da história do local, infelizmente não encontrei mais informações como data, qual o uso atual ou no passado.
Uma área entre os dois edifícios foi mantida como praça de acesso, aqui na Austrália esse tipo de circulação é normatizado é calculado pelo número de pessoas que frequentam o local.

  Detalhe do viaduto e das lâminas que evitam o ofuscamento dos motoristas, elas são bem espassadas, mas desse ponto da pra ter uma ideia como em perspectiva elas quebram a reflexão do fachada.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

King Street Wharf - Sydney

Essa é a área do King Street Wharf que comentei no post passado, o Macquarie Bank é esse mais baixo próximo à água, outros dois prédios atrás dele serão assunto de outros posts em breve.

Macquarie Bank - Sydney

O edifício onde hoje funciona hoje uma das sedes do Macquarie Bank faz parte de uma série de obras que transformaram a área conhecida por King Street Wharf. Entre um viaduto e a baía de Sydney e muito próximo do centro econômico da cidade, foi realizada uma espécie de "operação urbana" para potencializar o uso nos terrenos existentes, aumentando a densidade existente, mas limitando a altura do gabarito.




O projeto do escritório Fitzpatrick+Partners dividiu o edifício de 35.000 m² em dois blocos conectados por um átrio central, o mais alto (10 andares) é voltado para a cidade e o mais baixo (6 andares) tem vista para a baía. Esse desnível permite que o topo do edifício menor seja utilizado como um grande terraço.
A estrutural do edifício é totalmente separada da fachada, um grid de pilares metálicos em diagonal, e os painéis em vidro azul escuro recuados contrastam e servem de moldura para a estrutura branca destacando totalmente o edifício dos seus vizinhos.
O átrio central permite a entrada de luz natural e dá sensação de amplitude no primeiro andar para quem entra no edifício,  circulação entre os andares por escadas, reduzindo o uso dos elevadores.


Porém, edifício ficou mais famoso na Austrália pelo conceito como funciona. Praticamente não há estações de trabalho fixas, o conceito é chamado de Active Base Working (base ativa de trabalho) e é baseado em estudos individuais do funcionamento de cada empresa, considerando que muitos funcionários trabalham parte do dia fora atendendo clientes ou em reuniões dentro ou fora do escritório. Além da redução significativa dos postos de trabalho (no caso, em torno de 30%), outros ambientes são criados para privilegiar o trabalho colaborativo, o empregado na verdade possui um laptop e pode sentar-se onde estiver vago, intencionalmente ou não junto de sua equipe ou com outros funcionários de qualquer escalão da empresa.



A arquitetura de interiores é bastante diferente da maioria dos escritórios que conhecemos, muitas cores, texturas, ambientes bastante diferentes, cafés em cada andar, bastante estimulante para que o funcionário procure um lugar diferente a cada dia, um sistema interno parecido com o msn messenger o conecta com sua equipe de trabalho. O projeto é da empresa Clive Wilkinson Architects
O objetivo, além de integrar os funcionários que equivalem à população de uma pequena cidade (algo em torno de 3.000 pessoas) e criar um ambiente de trabalho menos monótono e mais criativo, é organizar e otimizar o espaço utilizado com o mesmo número de funcionários e assim reduzir seu custo de implantação e operacional. Somente em área de arquivamento de papéis foi economizado 78% da área necessária num escritório comum, já que os funcionários possuem apenas seu computador, um armário com tranca e são encorajados a não imprimir documentos, que consequentemente gerou uma economia de 53% em impressões.


Eu visitei o edifício em funcionamento e, sinceramente, sou bastante cético se esse conceito de trabalho realmente funciona. A impressão que tive, e nesse sentido o projeto convence, é de que o escritório serve como um showroom para o banco passar a imagem de vanguarda e modernidade para seus clientes.
Quando os outros escritórios da mesma empresa adotarem o mesmo conceito, mesmo em edifícios menos privilegiados, seus funcionários se sentirem satisfeitos e mantiverem a mesma produtividade, vamos saber se funciona.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ponto de Ônibus - Jenolan Caves

 Jenolan Caves tem muito mais coisas interessantes do que um ponto de ônibus, na verdade ele passa despercebido, mas eu não pude deixar de reparar nele, pois as únicas construções ali são remanescentes do séc. 19, algo em torno de 1870.
O legal é que a cobertura é muito bem projetada e não interfere na paisagem, é o tipo da coisa que se esperaria alguém "imitar" a arquitetura histórica pra fingir que é algo antigo. Pelo contrário, como nos banheiros que postei da Cockatoo Islando arquiteto aproveitou a oportunidade de fazer uma simples cobertura e criou algo muito interessantes.
 Os pilares pelo que eu entendi são um misto de estrutura metálica e concreto, com o pilar metálico no meio travado por duas peças de concreto, deve ser assim pra dar estabilidade e travamento ao conjunto.


Tanto cuidado no detalhamento e na execução, mas eles poderiam pelo menos fazer uma captação de água mais compatível com o projeto...