sexta-feira, 29 de julho de 2011

Linha de trem Epping-Chatswood - Sydney

Esse é um projeto recente da Hassell, escritório em que eu trabalho.
A ligação de trem entre duas áreas metropolitanas de Sydney e suas estações foram um investimento de AU$ 2.35 bilhões e ficaram prontas em 2009.

A maior dificuldade do projeto era suavizar a longa descida do nível da rua ao nível onde passariam as linhas, a solução foi criar um grande átrio para as escadas rolantes e uma cobertura translúcida em vidro e estrutura metálica que permite a entrada de luz natural (e porque não, contato com o ambiente externo) praticamente até o nível das plataformas.
A elegante cobertura de vidro da unidade às 4 estações e é a única estrutura vista do lado de fora e marca a entrada das estações sem agredir o entorno.
O material usado como revestimento nas paredes tem tom de madeira, além de mais aconchegante, funcionam como tratamento acústico reduzindo o ruído de fundo, problema acústico comum nesses grandes volumes e que em geral ou são em concreto aparente ou revestimento cerâmico para facilitar e reduzir o custo de manutenção.

Entre outros prêmios o projeto recebeu o prêmio nacional de melhor obra pública em 2010 pelo Instituto de Arquitetos da Austrália.

Cockatoo Island - Sydney


A Cockatto Island é a maior ilha da baía de Sydney e já foi uma prisão, reformatório, escola industrial e o principal estaleiro da Austrália no século XX. Em 1992 o estaleiro encerrou suas atividades e hoje a ilha é um patrimônio histórico tombado pela UNESCO, desde então a área tem sido preservada e recebido intervenções pontuais para receber outros usos.
Os grandes galpões hoje abrigam shows, festivais e eventos, é um lugar muito interessante por estar muito próximo da cidade e isolado por ser uma ilha, já possui enormes áreas cobertas e outras tantas abertas onde podem ser montadas estruturas provisórias.
Poucos edifícios receberam intervenções e os guindastes, docas e grandes estruturas foram mantidas como se fossem grandes esculturas que remontam o passado da ilha. Muito pouco foi construído, apenas algumas coberturas de apoio, quiosques e banheiros.


Muitos eventos terminam tarde e a ilha não possui hotéis, e provavelmente nem teria demanda pra tanto, por isso há uma área de camping com barracas prontas para receber hóspedes e o projeto dos banheiros que servem o camping é do escritório Fox Johnston. Um projeto muito simples e que me chamou a atenção pela qualidade dos detalhes e uso dos materiais, algo que seria uma "casinha" banal, daquelas que ficam sempre com o chão úmido e que a pessoa entra na ponta dos pés (ainda mais num camping) pode ser algo mais convidativo e uma oportunidade pra se fazer boa arquitetura.




Até o meu amigo mergulhador usou e aprovou!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Contour House - Berry Mountain NSW

Peter Stutchbury é um dos principais arquitetos da Austrália. Em seus projetos busca expressar a importância do edifício se relacionar com o local onde é construído, interferindo minimamente na paisagem, utilizando ventilação natural e a luz do sol racionalmente.

O uso dos materiais e a simplicidade construtiva é uma característica australiana que Peter valoriza em seus edifícios, na maioria residenciais que o tornara famoso, mas a verdade é que o arquiteto é extremamente versátil e a maior prova disso são os 39 projetos premiados pelo Instituto de Arquitetos da Austrália desde 1995, sendo que em 2003 ele foi o primeiro arquiteto a receber o prêmio nacional de melhor residência e obra pública, repetindo o feito em 2005.
O arquiteto australiano mais famoso no mundo e provavelmente o mais conhecido no Brasil é o Glenn Murcutt, e se observarmos a preocupação com a sustentabilidade, uso de elementos naturais e métodos construtivos é muito semelhante entre os dois arquitetos que são amigos e parceiros na OZTechture, junto com Richard Leplatrier, Brit Andresen, Ian Athfield e Lindsay Johnston, uma fundação que tem como intenção passar a diante o conhecimento, as preocupações com meio ambiente e sustentabilidade que caracterizam a obra desses arquitetos


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Novo Campus UTS - Sydney


Faz parte do programa de educação continuada para todos arquitetos registrados participem de palestras, visitas a obras, cursos de fornecedores de materiais e eventos que contam pontos. Por causa disso toda semana algo acontece na cidade e mesmo quem não é registrado mas quer se manter atualizado (meu caso) participa dos eventos.
No último dia 07/07 participei de uma visita guiada às obras da reforma do campus da University of Technology of Sydney. A UTS, como comentei no post do projeto do Frank Gehry, tem um plano em execução de investir AU$ 1 bilhão em 10 anos para modernizar seu campos, os projetos que fui visitar fazem parte desse mesmo plano diretor.

Primeiro visitamos as obras para o Salão de Eventos da Universidade, projeto do escritório DRAW.


A proposta para o salão busca trazer luz natural para dentro do espaço existente e criar contato com o espaço externo com a abertura de um balcão para o gramado do campus. Para tornar mais interessante a geometria regular do estrutura de pré-moldado existente, a mesma que existe no resto do edifício, o arquiteto propõe um elemento único que reveste as paredes e o forro como uma "manta", segundo ele "o edifício da faculdade é definido pela repetição de elementos de produção em massa e que a nova proposta celebra o avanço tecnológico da customização em massa e a riqueza da experiencia que vem com esse avanço".
Cada painel, apesar de ser formado por peças triangulares que se repetem, possui perfurações diferentes. Os painéis foram modelados utilizando o plug-in Grasshoper no Rhino e depois digitalizados num software especializado de manufatura para que sejam impressos individualmente, havia um protótipo no salão e a qualidade do acabamento é impressionante, esse tipo de detalhe só é possível ser feito dessa forma, ou alguém aí se dispõe a cotar e detalhar dezenas de painéis únicos sujeitos a revisão e imprecisão?
A forma do painel tem função de difusão e as variações de perfuração, além de estética, funcionam como absorção no tratamento acústico do ambiente.



O outro projeto que visitei já estava executado, é a Quadra de Esportes Multi-Uso, projeto do escritório PTW.

A obra consistiu literalmente numa escavação para a construção da quadra e salas multi-uso, evitando que a construção de um edifício ocupasse área livre valiosa no campus, mas criando um novo gramado sobre sua cobertura.
Durante a escavação, os arquitetos tiraram proveito das rochas existentes e as mantiveram expostas na periferia da quadra, um detalhe muito inteligente que junto com a enorme estrutura exposta dá identidade ao ambiente. A estrutura escultural lembra bastante a expressão do modernismo brasileiro, a habilidade da solução técnica resolve a arquitetura.
É interessante observar que um ambiente desse tipo em geral sofre acusticamente pelo grande volume e quantidade de superfícies reflexivas, porém, os painéis colocados sobre as paredes de bloco e da rocha exposta trouxeram muito equilíbrio à sala, o arquiteto explicou o projeto inteiro no meio da quadra e era possível compreender muito bem o que dizia, essa não é uma solução barata, mas cujo benefício sem dúvida compensa o investimento.
Outro detalhe legal é o taco usado para o piso da quadra, feito de bambu.






domingo, 3 de julho de 2011

Edifícios Residenciais - Sydney

Sydney tem um déficit habitacional muito grande, mas devido à legislação da cidade que é bastante restritiva. Isso é bom no sentido em que os edifícios históricos são preservados e que com exceção do centro da cidade o gabarito de altura é bastante baixo, permitindo ótima qualidade em  termos de insolação e ventilação nas residências.
O lado negativo é que as pessoas acabam indo morar fora da cidade, consequentemente gerando um crescimento radial da cidade difícil de ser acompanhado pelo transporte público, que por mais que seja de muito boa qualidade, está abaixo da expectativa da população. É muito complicado encontrar terrenos na cidade em que se possa construir prédios
Outro problema gerado é a supervalorização dos imóveis próximos à cidade, a demanda é muito grande e os apartamentos cada vez menores, isso "expulsa" principalmente as pessoas dos bairros tradicionais ou próximos do centro para morar em casas maiores em subúrbios distantes. Por incrível que pareça, isso criou uma situação inusitada, é muito comum ver resultados de pesquisas mostrando que a Austrália tem em média as maiores residências do mundo em área.
Um dos maiores desafios urbanísticos da cidade é aumentar sua densidade habitacional mantendo a mesma qualidade de vida ao mesmo tempo que tenta melhorar a rede de transporte público e promover novas áreas comerciais próximas aos bairros distantes.

Escolhi dois edifícios residenciais e um edifício de moradia estudantil par usar como exemplo de como são os projetos por aqui.

Maroubra Apartments - Fox Johnston
Edifício de 8 andares com 30 apartamentos de tipos variados, desde kitinietes a duplex de dois quartos.







Banksnton Centre Apartaments - Hill Thalis Architecture
Edifício com 60 apartamentos de tipos variados (kitinetes, 1, 2 e 3 dormitórios) e 2 espaços comerciais.






Univesity of New South Wales Village - Architectus
Edifício com 240 unidades de apartamentos e um total de 1021 quartos, além de áreas de convívio e infra-estrutura.

  

sábado, 2 de julho de 2011

Vivid Festival - Sydney


Em maio aconteceu Sydney o Vivid, um festival de luz onde diversas instalações são montadas na região do Circular Quay. A rigor qualquer pessoa pode participar, basta ter a ideia e apresentar o projeto com um orçamento para os organizadores como se fosse um concurso, os melhores projetos são escolhidos e a prefeitura paga o valor, o que sobrar fica como "bonificação". Lógico que arquitetos, designers e artistas levam alguma vantagem por conhecerem melhor esse universo, mas tem coisas trabalhos de todos os níveis.



O legal é a iniciativa de um evento diário por algumas semanas ao ar livre no final do outono! Como a cidade anoitece mais cedo nessa época, às 7 da noite as luzes se acendem e as ruas se enchem de pessoas que vivem na cidade, mas atraindo principalmente turistas.






A organização ainda complementa os trabalhos contratando artistas especializados para projetos maiores, como um show de luzes na Opera House (feito pelos franceses SUPERBIEN) e um de projeção na Customs House (feito pelos australianos The Electric Canvas).