terça-feira, 31 de maio de 2011

Frank Gehry em Sydney


O edifício Dr. Chau Chak Wing da Faculdade de Administração será o primeiro projeto de Frank Gehry na Austrália. Esse projeto faz parte de um investimento de AU$ 1 bilhão ao longo de 10 anos que a University of Technology Sydney (UTS) irá fazer em todo seu campus, e o nome do edifício foi dado em homenagem ao empresário e filantropista sino-australiano que doou AU$ 20 milhões para sua construção e mais AU$ 5 milhões como crédito para bolsistas chineses.
O investimento total será de AU$ 150 milhões em um edifício de 11 andares que Gehry "jura" ter projetado de dentro pra fora, priorizando os espaços de ensino e aí sim cobrindo com uma fachada com a sua assinatura.


Uma das críticas ao projeto foi que sua localização edifício não é tão glamurosa para receber um edifício que teria potencial para ser uma referência arquitetônica na cidade, não que não merecesse, mas é um ponto da cidade com muitas limitações históricas e urbanísticas, de qualquer forma o edifício é bem interessante pois a fachada leste será totalmente em tijolo tradicional australiano dialogando com os edifícios históricos vizinhos e em uma entrevista comentou que a estrutura interna foi projetada como uma casa de árvore para gerar um ambiente criativo que é como deve ser um ambiente educacional, não vi nada disso nas imagens, mas fiquei bastante curioso para ver como o projeto se desenvolve.
A fachada oeste será mais agressiva em vidro espelhado e fragmentado para refletir a arquitetura dos edifícios tombados ao redor, o conceito é bem interessante e eu particularmente achei muito bonita, mas fachada oeste envidraçada... em tempos de "green buildings" e etc... bom, a gente sabe que no fim das contas vai ser certificado em "6 estrelas" e ganhar prêmios pelo mundo afora.

Divisórias em Gesso Curvas


Esse é um detalhe legal de um projeto que estou trabalhando, nós projetamos umas salas bem orgânicas que são uma espécie de referência dentro do edifício, dentro delas tem salas de aula que podem ser expandidas ou divididas conforme a necessidade e do lado de fora as formas curvas quebram a monotonia dos corredores.

Ainda não tenho 3D's, mas é parecido com o que está nessa foto acima que foi construído naquele projeto do ANZ que comentei em outro post, só que bem mais interessante e irregular, quando puder divulgar alguma coisa eu coloco no Blog.
As fotos abaixo é de um protótipo que fizemos para o projeto.


Enfim, como isso é feito?
Primeiro é montada uma estrutura como as de paredes de gesso comum na forma que se deseja, para formas curvas deve-se usar os perfis que são ajustáveis e podem ser dobrados nas curvas desejadas.
O gesseiro vai se ferrar, o cara tem que ser bom e paciente e fazer a marcação considerando a espessura do painel que será fixado, lógico que tudo isso vai estar desenhado, mas não vai ser fácil seguir as referências corretamente. No nosso caso todo o detalhamento será feito com coordenadas de GPS e não cotas, um "pedreiro" (?!) vai ajudar o gesseiro na hora marcando os pontos no local com um GPS, sério, eu pago pra ver isso funcionar! Um colega meu de trabalho foi o BIM Manager no projeto de um outro prédio (um dia vou escrever sobre ele) em que toda a planta é circular, usaram o mínimo de cotas e o máximo de referências com o GPS e funcionou.

Bom, depois de pronto o fixa-se à estrutura um painel que a empresa Flexene produz, uma espécie de isopor bem espesso que é vincado e pode ser dobrado e modificado à vontade. Depois de fixado o painel deve-se aplicar uma camada de revestimento, uma espécie de reboco, que vai ocupar o espaço dos vincos e travar a peça na forma final. Outras camadas podem ser acrescentadas para aumentar a resistência ou até impermeabilizar o painel para o caso de ser um elemento externo.


Já pensou detalhar esses perfis em corte? Se eu puder, quando o projeto avançar vou publicar mais coisas aqui.

Southern Cross Station - Melbourne


O projeto da Southern Cross Station começou em 2002 tendo em vista qualificar o transporte público de Melbourne para receber o Comonwelth Games de 2006 e além da estação intermodal o complexo incluiu um centro de compras para 120 lojas e 800 vagas de estacionamento.
Nicolas Grimshaw venceu o concurso e desenvolveu o projeto com a parceria do escritório australiano Jackson Architecture.


O conceito é basicamente uma grande cobertura em estrutura metálica para abrigar as linhas de trem, possibilitando uma visão periférica da estação e máxima permeabilidade com a cidade. Os escritórios e salas de todos os tipos que servem a estação são espalhados em "Pods" (como eles gostam de chamar aqui) mini-edifícios construídos sob a cobertura e com estrutura independente.



O detalhe interessante da cobertura é que sua forma orgânica tem função de recolher o todo ar quente/fumaça e partículas de diesel nos glóbulos que se sobressaem e naturalmente ventilar para fora da estação por aberturas no ponto mais alto.

A área total do projeto é 60.000 m² e a cobertura corresponde a 34.000 m². O investimento total em 2002 foi de AU$ 700 milhões (valor da época) e em 2007 um investimento extra de AU$ 1.2 milhões foi feito para adaptar um sistema de coleta de água de chuvas à cobertura, a quantidade de água captada estimada em um ano é de 20 milhões de litros.

Em 2007 o projeto recebeu o Lubetkin Award do RIBA (Real Instituto Britanico de Arquitetura)


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Greenschool - Bali


 A Greenschool de Bali é uma das muitas "escolas internacionais" que existem na ilha e seria uma iniciativa comum não fosse baseada na sua origem em princípios de sustentabilidade (o próprio nome deixa bem claro), sem querer aprofundar muito na história da escola (mais detalhes aqui) ela foi fundada pelo casal John e Cynthia Hardy, críticos do sistema educacional atual e educados seguindo a filosofia de Rudolf Steiner, imaginando uma forma melhor para educar seus filhos e de alguma forma dar a Bali algo em troca por tudo que receberam e viveram na ilha. Um detalhe interessante é que o grande terreno onde a escola se situa é alugado, pois não querem incentivar que o povo balinês venda suas terras.


A primeira impressão é a do uso de bambus em toda a estrutura dos edifícios. A idéia é usar os edifícios como laboratório para desenvolvimento de métodos construtivos com bambu e outros materiais, usando técnicas locais, testadas e pesquisadas onde quer que seja. Além da sua flexibilidade e resistência, sua extração é controlada e é uma das plantas com tempo de crescimento mais rápido no mundo.


Mas o mais interessante é observar que os prédios não tem parede! O telhado funciona como maior proteção ao tempo e a única vedação, e mesmo assim apenas em alguns edifícios, são paineis "rolôs" em bambu
Os telhados são bem altos e avançam até bem próximo do chão sombreando os ambientes e permitindo a entrada do ar fresco e a saída do ar quente pela parte de cima da cobertura (efeito chaminé), isso torna os ambientes muito confortáveis apesar do calor constante da região.
Os diversos tipos de cobertura explorados sempre possuem abertura que permitem uma suficiente entrada de luz, algumas são estruturadas de forma espiral e as aberturas são mais bem distribuidas, outras tem a abertura apenas no topo.



O método de ensino segue o método de Rudolf Steiner e fica claro na estética e proporção dos esdifícios a filosofia antroposófica, a idéia é usar a arquitetura para incitar as crianças a compreender e serem mais curiosas em relação aos materiais que usamos no nosso dia a dia, de onde vêm, como são produzidos, qual o impacto da sua extração e do seu uso e a necessidade de se viver num ambiente mais integrado com o meio ambiente.



A Greenschool ainda não é 100% desprendida da rede de energia, mas caminha nesse sentido utilizando painéis fotovoltáicos, bio-diesel e irá instalar em breve uma mini usina hidrelétrica na queda d'água do rio que corta seu terreno. A escola possui mais de 50 edificações de diversas escalas, entre salas de aula, área de convívio, banheiros, ginásio e está constantemente sendo ampliada, a empresa responsável pelo design e construção é a PT Bambu que tem interesse de pesquisar e promover o bambu com matéria prima para grandes estruturas e não apenas pequenas construções.



Em 2010 a escola foi finalista do prêmio Aga Khan.
 
Agradecimento especial ao Ben que nos acompanhou numa visita pela escola depois do horário da visita "oficial" ter acabado! (brasileiro vocês sabem como é, né...).
E pra quem quiser conhecer mais mesmo sem ter viagem pra Bali marcada... Youtube

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Lumbung - Bali


Nada como um feriado prolongado pra dar uma enforcada no trabalho e passar uma semana longe do computador... do computador, porque arquiteto não tem jeito, não pode ver uma parede e já quer saber como e porque ela foi parar lá!


São muito comuns em Bali os hotéis com esse tipo de cabana, em estrutura de madeira e telhado de folhagem seca, a primeira impressão é que são tradicionais da ilha e que gerações de pescadores viveram nesse tipo de abrigo. Pois os Lumbung, seu nome em balinês, são extremamente tradicionais sim, mas serviam como armazém para a colheita do arroz, a principal cultura da agricultura local.


Bali sempre foi muito frequentada por turistas, mas não necessariamente estava preparada para recebe-los, como tempo a indústria hoteleira cresceu e se equipou, antes disso muitos dos visitantes alugavam os charmosos  (e vazios) Lumbung para passar suas férias.
Por serem de fácil construção, muito adaptados ao clima e de mínima manutenção, acabaram ganhando novo uso.


Hoje em dia a maneira como são construídos é diferente e adaptada às facilidades e técnicas modernas, mas o conceito e os materiais são os mesmos.
A parte alta onde os grãos eram guardados longe da umidade e protegidos do calor é o quarto, a parte inferior devia ser usada para guardar ferramentas ou utensílios e sem dúvida para convívio hoje tem uso parecido só que nome mais "contemp", lounge.